domingo, 29 de abril de 2012

Poeminha


Proferi palavras pérfidas preterindo paixões
Pálidas, presentes... promíscuas, podres... piores...
Putarias perfiladas... priorizando palavrões
Permiti-me pegar pesado... patife
Pensei pouco, pois
Pobre princesa...

Perdi palácios, poesia, prazer...
Pedi perdão...
Perdi Você...
... por quê?
Por nada não
Só pra brincar com a letra Pê!



BS

Convite


Arte é sorte
Arte é morte
Arte é vida em toda parte

Arte é voz
Arte é luz
É a estrela do meu norte

E se um dia no querer-te
Sufocando a dor do forte
Minha Arte convidar-te ao passeio mais bonito
Te direi que minha Arte não se sangra só no corte
Minha Arte vai ao céu muito acima do estandarte
E reflete o meu desejo de alcançar o infinito


BS

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Minha vadia

Lá vai minha vadia...
Desfilando o seu corpo
Não sei se depois de mim
Se atracou no pau de outro.

Lá vai minha vadia...
Tesão da minha punheta
Nela enrabo o meu amor
E não faz uma careta.

Lá vai minha vadia...
Implorando o meu gozo
E se em mim não encontrar
O fará em outro esposo.

E se um dia a minha vadia cessar o meu deleite
Pra pintar n’outro lençol a sua nua silhueta
Direi, vadia minha, peço que não te esqueça
A jeba que aqui jaz, não me serve só de enfeite

Encontrarei no meretrício a tua amiga mais carente
Trocarei minha atenção pela sua coxa, bunda e teta
Carinhoso, a pedirei que abra a minha bragueta
Para beber, assim, inteira, uma garrafa do meu leite.


BS



Quero ser poeta

Sonho em ser poeta
Causar o frio da espinha
Emoldurar as palavras na rima
E pendurará-las na parede dos castelos que protegem o amor são
Tolo, talvez
Mas que fazer se me falta a harmonia para uma boa música?
E me sobra a ânsia de gritar ao mundo o meu (re)sentimento?
Pensa, sofre, escreve, apaga, escreve...
Faltam palavras...
Sobra paixão... e o arrependimento...
Que seria da vida dos amantes, de suas lamentações...
Se não fosse o arrependimento?
Arrependido estou eu
Que busco ferozmente no meio da minha lamúria um motivo pra mascarar a dor... 

E escrevo... e sofro mais...
E pranto... quase mais que antes... e continuo escrevendo... apagando... e sofrendo...
Mas estranhamente me vem o conforto como se alguém me dissesse:
- Calma compadre, vai passar... não conheces a lei do tempo? Que cala, corrói e empedra qualquer sofrimento?
-Conheço, sim. Conheço mais ainda a minha impaciência. Me ajuda, compadre... quero ser poeta!
- Não seja tolo, caro amigo. A poesia não está na falta de alvides das páginas. 

A poesia está na beleza e no sofrimento das coisas ao mesmo tempo!
Impossível? Não... por isso o tormento... Compadre, não queira ser poeta... 

Não faça isso consigo. Sê feliz. Não engrandeça teu desalento.


BS

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Crônica do cotidiano


"Todo dia ela faz tudo sempre igual..." Talvez esta primeira frase dessa canção do Chico Buarque possa nos distrair um pouco, e nos afastar da ideia acerca do nosso cotidiano. Ou melhor, pode nos enganar quanto ao seu conceito verdadeiro. Se não vejamos: será que quando saímos de casa pra trabalhar, estudar, ou o que quer que seja, o nosso estado de espírito não influencia na construção desse "cotidiano"? A mulher à qual o Chico beija no final de cada estrofe da canção todo dia tem um gosto diferente na boca. E assim acontece sempre em nossos movimentos diários. 
            Podemos citar e sequenciar tudo o que fazemos, ou o que estamos predispostos a fazer durante a semana. "Bom, hoje depois que eu escovar bem os meus dentes pela manhã, vou sair de casa, entrar no carro, ligar o rádio e fazer o que eu tenho fazer". Mas e se o pneu do carro furar e eu ficar indignado? E se eu cair no chão e bater a cabeça enquanto escovo os dentes e for pro hospital? E se eu ouvir no rádio que ganhei na Mega Sena? A nossa vida nunca é igual. É pragmático e simplista se dizer que o cotidiano é o "diário". Podemos ter na nossa agenda mental o passo a passo das nossas tarefas. No entanto, não temos controle algum dessa rotina e da maneira que vamos nos sentir. Achamos que temos. Mas isso é pura ilusão.
            Dia desses, fiz aniversário. Sempre gostei de aniversários. Era uma sexta-feira, havia aula, tive que trabalhar... Fiz tudo que se faz no meu "cotidiano", como o conhecemos. Mas lhes garanto que não foi um dia típico. Tudo foi diferente. O gosto das coisas. O cheiro do ar. O carinho das pessoas. A ocasião me influenciou a me sentir diferente. Contudo, fiz tudo o que sempre faço. E engana-se o leitor se acha que me apeguei num sentimento não muito recorrente para reforçar essa tese. Sempre, sem perceber, estamos diferentes. Seja ainda porque nosso time do coração perdeu, ou porque conhecemos o amor da nossa vida na festa do último sábado.
            Cotidiano está longe de ser o conjunto de ações que fazemos todos os dias. Cotidiano são todas as emoções, sensações, e imprevistos que acontecem nos cenários que frequentamos desde o momento em que acordamos. E é isso que nos faz. É isso que nos tange. É isso que a nossa vida representa. Esse é o nosso cotidiano. Sempre beijamos a mulher, ok. Mas quem garante o gosto que sua boca vai ter? E acho que essa é a graça da vida: nunca sabemos se sentiremos gosto de feijão, paixão, hortelã, pavor ou café.

BS

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ideia geral.


Somos estudantes de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e criamos esse blog com a ideia de publicar alguns textos (Contos, cronicas, poemas ou o que der na telha).
A ideia é que a publicação seja feita a cada dois ou três dias, se você, amigo leitor, gostar dos textos aqui escritos, não esqueça que daqui uns dias apresentaremos mais materiais de cunho artístico, como uma grande teia de textos.




Bruno Stefani


Cássio de Souza


Matheus Araujo


Paulo Sergio Dutra da Silva Junior



Pense nisso.


A personalidade é opcional. Você pode assumir várias ou apenas uma, ou se considerar a si mesmo como alguém legítimo, você assumirá o que acredita ser você mesmo. Mas essa legitimidade não está na personalidade em si, apenas na sua crença em relação a ela. Porque as pessoas vivem sob o escopo da fé, elas costumam tomar como absoluto aquilo que acreditam e tendem a ficar violentas quando o que consideram sagrado é violado.

Assim são os que tem medo de se perder ao tentarem experiências que vão contra seus valores morais, sociais e (que consideram) éticos.

A única maneira de se livrar disso é passar um tempo isolado dos seus costumes, das pessoas envolvidas e de você mesmo, inclusive longe da rotina que você usa para se definir. Por exemplo, um gordo tetudo pode ser isolado socialmente mas ele não abandona a imagem que ele tem de si mesmo, ele se fecha em um mundo de ideias, como na Caverna de Platão, e de lá ele julga o planeta de acordo com o que enxerga nas sombras (ou no monitor). É preciso passar alguns meses em ambiente hostil de desconhecido, e se adaptar a ponto de conseguir fazer parte desse ambiente. Ou seja, é preciso, temporariamente, assumir outra personalidade sem relação direta com a primeira, aquela que construímos durante a puberdade. A melhor forma de começar é arranjar um emprego, é por isso que as pessoas amadurecem (ou, para os que estão de fora, mudam/somem/ficam chatas) bastante depois de se firmarem em algum emprego e não terem mais o tempo que tinham antes.

Esse processo acontece com todas as pessoas e elas não costumam perceber, e quando percebem sentem um vazio muito grande, por não mais se verem como se viam anteriormente, ou se o novo ambiente adaptado traz grandes vantagens em relação ao anterior, a pessoa se sente meio perdida mas não sente nem um pouco de saudade da antiga personalidade e se sentem legitimamente felizes com isso, enquanto colocam uma "pedra no passado".

Porém quem consegue ter consciência disso tudo, quando consegue ir ver o mundo lá fora e voltar, sente um vazio imenso. O mundo fica grande demais, e você não consegue mais se ver naquela personalidade firme de antes. Porém, é nessas horas que devemos nos lembrar: a personalidade é opcional.

Uma dica que dou depois que tudo isso acontecer é adotar a mesma personalidade para o mesmo grupo de pessoas, ter em mente de forma bem clara QUEM VOCÊ QUER SER. Dessa forma as pessoas saberão quais expectativas criar de você, e você saberá melhor como lidar com as situações, e vai decepcionar uma quantidade menor de pessoas quando tiver que tomar uma decisão difícil, afinal a vida muda sempre e sempre exige mais do que você tem disponível no momento, precisando agir de formas que antes não precisava nem pensar a respeito. Quando isso acontecer, use seus valores e o "quem você quer ser" para se guiar, e tudo correrá bem.

One Week



Sábado cheguei a casa por volta de 7:00h da manhã, a noite havia sido maravilhosa, conseguira aquela guria que eu estava desejando havia muito tempo, morena e sem limites. Marcos mal sabia que eu tinha conquistado esse feito, e eu mal esperava o momento de contar para ele.
Estavam todos na mesa em silêncio, quase todos na verdade, Jonas estava no quarto chorando, bati bem as botas no tapete de metal entrelaçado e depois as tirei para não sujar a casa que aparentava ter sido recém limpa, quando passei pela mesa fugi minha visão dos olhos que me fuzilavam, certamente era algo que eu tinha feito de errado, talvez tivessem notado que eu gastara quase o triplo esse mês na conta do celular falando com os brothers, apertei meus passos e tentava focar meu olhar na ponta da meia preta com o dedão furado, quando parecia ter conseguido fugir da ocasião, saindo da sala, meu pai pede para eu voltar porque eles queriam conversar sobre um assunto muito sério. Algo estava errado, disso não havia duvidas.
Ligaram a televisão porque disseram preferir mostrar a notícia do que me falar, procuraram qualquer canal chato de reportagem policial e esperaram sentados no sofá, dessa vez o canal escolhido foi a Orange Tv , eu fiquei em silencia esperando a resposta. Quinze minutos haviam se passado e nada havia aparecido no jornalzinho meia boca, quando de repente meu pai aumenta gradativamente o volume da televisão até que fica no nível 50, era quase o máximo, certamente eu estava ferrado, meu pai nunca havia passado do volume 35.
Isso é uma injustiça, dizia o repórter no telejornal, um aposentado de 75 anos sofre ultraviolência nas ruas de Porto Alegre e morre por demora da ambulância, afirmava convicto o repórter.
Eu não havia feito nada de errado na noite passada que chegasse a esse ponto, nunca poderia fazer isso com um idoso, pelo menos se ele não desse motivo para isso, mas foi quando a reportagem foi mostrada por completa que eu entendi o acontecido.
Sergio Vargas Medeiros estava voltando do supermercado quando foi brutalmente atacado por dois jovens que estavam no local, dizem que não é a primeira vez que esses jovens são vistos lá, assistam agora no vídeo gravado por uma câmera de segurança de uma padaria da esquina.
Minha mãe começa a chorar e tudo fazia muito sentido agora, meu avô estava morto, tinha sido assassinado.
Tomei um banho gelado, me sequei com tanta rispidez que não notei nem a cor da toalha que eu usara, coloquei a primeira roupa escura que vi e fomos ao enterro.
As 18:00h fui com o Marcos para casa dele, tive que levar o Jonas porque meus pais tinham que resolver uns assuntos do velório e gastos de dinheiro, infelizmente minha mãe era filha única e tudo dependia dela. Marcos falava indignado que não acreditava ainda que aquilo tivesse acontecido, eu somente pedi para não tocar mais no assunto, pois Jonas já havia chorado demais e eu não queria mais ver aquilo.
Na segunda-feira levantei às 9 horas, troquei de roupa e fui para academia, depois que eu fui lá a primeira vez, nunca mais quis parar de ir, era um lugar simplesmente maravilhoso, ninguém estava nem ai comigo, eu poderia fazer o que quiser, levantar o peso que quiser, simplesmente respeitando os limites do meu próprio corpo. Era dia de Boxe, coloquei minhas luvas e comecei a soquear a Pêra, imaginava que aquela bola de couro era a cabeça daqueles vagabundos, tentei me acalmar e me sentei esperando o treinador chegar, Marcos chegou antes, sentou do meu lado, mas só estava de ataduras, pois recém havia começado a lutar boxe, usava a luva emprestada de alguém.
Hoje era dia de Luva, o Treinador escolhia as duplas e começávamos a lutar, pra variar comecei a lutar com o Marcos, ele estava sempre do meu lado.
Cara, eu to a fim de fazer uma loucura, eu disse.
Aé, vai virar homem? Ele respondeu com cara de idiota.
Dei um soco na cara dele e ri, depois do treino eu te digo o que eu to pensando.
Fomos até minha casa e peguei o jornal, a reportagem sobre meu vô não estava na primeira pagina, na primeira pagina tinha algo relacionado com a chance do aumento da tarifa do ônibus, procurei por todo o jornal e finalmente achei uma nota.
“Aposentado assassinado por punks”
Li toda a nota e fiquei mais tranqüilo. Logo depois levei o Jonas na escola e no caminho passei pelo brechó da Tia Alzira, uma velha amiga da minha mãe que vendia de tudo, disseram que um dia ela vendeu até a porta da casa dela.
Depois de muito tempo de conversas sobre meu vô, perguntei se tinha algumas roupas do meu tamanho, casacos e tudo mais, rolou até de eu comprar uma bengala, lá realmente tinha muita coisa que ninguém nunca precisava, mas no final das contas tu queria muito ter.
Paguei tudo com um dinheiro que eu tinha ganhado num Campeonato de Truco, eu queria ter guardado pra comprar um prato novo para minha bateria, mas aquilo era muito mais importante.
Conversei com Marcos a tarde inteira e depois dele ir embora eu tomei um banho e entrei na internet, na rede social em que eu acessava ninguém falava do assunto, eu não havia contado pra ninguém do ocorrido. Marjorie havia me adicionado e junto com isso me mandou um recado dizendo “Ta sumido em gatinho”. Não tive muita cabeça pra responder, olhei algumas fotos e então sai.
Pensei um pouco na Marjorie e em como havia sido minha noite na sexta-feira, procurava qualquer assunto que me deixasse um pouco tranqüilo, deitei e tentei dormir cedo, porque no dia seguinte eu teria um longo dia de estudo, começando às 7:00h quando eu acordava.
De repente chegou sexta-feira, fui pra aula, mas sai mais cedo, e também iria ter que faltar uma cadeira que eu tinha de noite naquele dia. Peguei o carro do meu pai emprestado e sai de casa por volta das 19:00h para buscar o Marcos na casa dele, chegando lá, subi e nos vestimos com vários casacos, arrumamos tudo, segundo o espelho estávamos perfeitos.
Andamos de carro por uns vinte e cinto minutos e ficamos dando algumas voltas na quadra, de repente achamos o que estávamos procurando, estacionamos o carro uma ou duas quadras perto dali, não prestei muita atenção porque estava muito ansioso.
Corremos até perto deles e então nos ajeitamos, comecei a andar encurvado e baixei minha cabeça me apoiando quase por total na bengala, andamos bem devagar por alguns minutos quando ouvimos um chamado, sim, era o chamado da liberdade.
Chegando mais perto olhei por um canto do chapéu, Marcos estava um pouco nervoso, mas eu sabia que iria dar tudo certo, a voz estava cada vez mais perto, gritava com raiva e sarcasmo, de repente dois caras param bem na nossa frente, cada um na frente de um de nós, finalmente a hora havia chego.
Onde vocês pensam que vão? Não vão nos dar satisfação seus velhos fedorentos? Disse um deles com ar de graça.
Fiquei quieto e respirei fundo, o cheiro de vinho era insuportável.
Não vão falar nada? Acho que vamos nos divertir de novo hoje senhor Allamo, disse um dos caras, Acho que vamos mesmo senhor Pink, respondeu o outro dando gargalhadas.
Tirei o sobretudo e o chapéu e rapidamente dei um gancho de direita no queixo do idiota, nem deu tempo dele prestar atenção no que estava acontecendo, o outro ficou aterrorizado com o que tinha acontecido, engoliu a risada e catarrou um assustador gemido, Marcos foi mais lento mas não menos certeiro, se levantou e deu um Jab e um Direto na cara do segundo retardado, tudo andou muito rápido, o tempo passa rápido quando estamos nos divertindo, os caras pediram perdão a cada chute na costela que levaram, eu me surpreendi com o desempenho do Marcos, a raiva no seu olhar me dava mais coragem de continuar até o final.
Nada mais restava naquelas pobres almas, somente gemidos e sopros na possa de sangue, falei algumas coisas que estavam guardadas na minha garganta faziam quase uma semana e depois dei uma risada de gratidão. Poucos minutos depois ouço um som de sirenes aumentando em uma velocidade assustadora, olhei para trás e notei que uma viatura de policia estava entrando na rua com velocidade, olhei para o Marcos e demonstrei que não havia imaginado que isso poderia ter acontecido, como eu pude ter esquecido esse detalhe, certamente a policia estava de olho naquele local.
Mão na cabeça vagabundo, grita os policiais, realmente a festa havia terminado.
No dia seguinte, na Orange Tv O repórter sorridente explana a noticia.
“Pegos assassinos de velhos em ação, dessa vez escolheram atacar dois jovens bêbados que estavam indo para casa. Mas onde vai parar a nossa Porto Alegre amigo espectador?”